O texto deste post foi escrito pelo Julio Vargas, filho do Julinho, nosso cônsul.
Ele relata com detalhes emocionantes, o dia mais importante da vida de todo colorado!
Leia, vale a pena!
"Claro que me lembro muito bem deste dia, e como poderia esquece-lo?
Provavelmente ali, naquele dia e naquele lugar, vivi as emoções mais intensas da minha vida.
Foi um 17 de dezembro de 2006, por volta das 11 horas da manhã do horário espanhol, mais precisamente catalão.
Me refiro a Barcelona, cidade na qual residia naquela oportunidade.
Mas essa história não começa exatamente aí, mas sim muito antes...
Vivíamos uma grande festa em Porto Alegre. O nosso colorado vinha embalado na Libertadores, mesmo após a perda no gauchão.
Notava, a cada ida ao Gigante, que o sentimento de vitória se renovava. E que nos olhos dos meus irmãos colorados, havia um brilho a mais de esperança.
Foi então que tudo mudou.
Perdemos a primeira partida das quartas de finais pra LDU no Equador, e logo em seguida veio a parada para a Copa do Mundo. Sabia então naquele momento que o martírio estava por vir.
Jamais antes disso, uma copa tinha sido tão longa para mim, e ainda por cima com um agravante: a mudança para Espanha.
A idéia do intercâmbio era um sonho antigo, que se realizava naquele momento... e tinha de ser justo naquele momento? Me enxergava aproximando-me de um sonho (a vida no velho continente), e distanciando-me de outro (o tão sonhado título continental dentro do Beira-Rio).
O lugar escolhido, por ironia do destino, mais tarde fui descobrir ... Barcelona.
A Copa do Mundo logo se acabou, e tão rápido pudesse me organizar na nova casa, estava diante do embate contra a LDU.
Por meio de internet, consegui me reunir com mais colorados na mesma situação que eu naquela cidade, e no meio de mais 5 ou 6, assistimos àquela vitória espetacular que garantiu o passe pra semi-final, e tirou aquela angustia do coração.
Conforme os jogos iam passando, mais gente ia se reunindo.
Me lembro que no último jogo da final contra o São Paulo, ja éramos quase 30 pessoas.
Fomos mudando de bar em bar, ao longo da competição, sempre buscando um lugar que nos comportasse. E a festa do campeão da Libertadores foi indescritível. Quem sabe, num outro momento, a descrevo com mais calma.
Voltamos então a esse dia. Aquele que mencionei ali em cima, há poucos minutos atrás.
Para este novo compromisso, a preparação foi mais intensa. Os catalões davam a vitória como certa, não tinham a menor dúvida.
Na época, eu trabalhava num restaurante de uma família mais catalã impossível.
O filho do dono, grande amigo meu, não queria nem conversar sobre o assunto, achava perda de tempo.
Eu, por via das dúvidas, pedi folga no dia da partida, e deixei pendurada lá no restaurante minha bandeira do Inter.
Era 16 de dezembro, a expectativa era imensa, e o nervosismo crescia conforme as horas para o jogo diminuiam. Dormir na noite anterior ja tinha sido dificil, e sabia eu que na próxima seria impossível. O jogo começaria 11h20m da manhã, e decidi desde já encontrar-me com outros colorados e começar a viver aquela decisão. Saímos pelo centro de Barcelona, fardados como não poderia deixar de ser, e seguidamente fomos alvo de provocações e xingamentos. Alguns paravam pra conversar, e "avisar" que não teríamos nem chance, mas estávamos realmente acreditando no triunfo, e algumas discussões acirradas se formaram em alguns momentos.
Terminada a madrugada, o sol começava a nascer, e junto dele as batidas por minuto de cada coração vermelho se aceleravam, estava chegando a hora!
Ainda acordados, passamos na minha residência, que naquela hora já mais parecia um QG colorado no meio de Barcelona. Arrecadamos mais alguns torcedores por ali, e fomos rumo ao bar, onde algumas horas depois assistiríamos a partida.
Ao chegar ao local definido, a surpresa: ainda faltavam 2 horas para a partida e ja éramos mais de 40 colorados. O lugar não era assim tão grande, e ja começávamos a ficar apertados, nada que atrapalhasse a euforia e a confiança. Os próximos momentos foram de concentração total, algumas ligações telefônicas para o Brasil evidenciavam a emoção presente em cada um no recinto.
11 horas e 20 minutos da manhã, a bola rola no Japão.
Naquele momento passávamos de 60 pessoas abarrotadas naquele apertado bar barcelonês.
Confesso que meu coração dispara e os olhos lacrimejam com a simples lembrança.
Estávamos, como todos os colorados espalhados pelo mundo, escrevendo a página mais importante da nossa história.
O jogo, nao preciso nem dizer, foi nervoso ao extremo.
Pra acalmar um pouco os ânimos, desde o inicio profetizei:
-Todos calmos! Ganharemos com tranquilidade, 2 a 0, um do Pato e um do Fernandao!!
E para desespero dos presentes, fui o primeiro cair em choro quando o segundo deles saiu de campo, sentindo lesão, para a entrada de quem depois seria o nosso salvador, Adriano Gabirú.
Os momentos finais da partida não posso descrever com precisão, pois realmente me embaralham as lembranças tamanha emoção.
Lembro de todos ajoelhados e abraçados, lembro de gente chorando e rezando, lembro do gol do Gabirú, e lembro do que senti naquele momento, lembro de estar caído no chão com um monte de colorados jogados sobre mim, e lembro que a partir de então já não conseguia falar.
Pensava em todos os colorados importantes da minha vida, nos grandes amigos, no sentimento de cada um deles, no meu pai que havia ido ao Japão, e na minha cidade natal.
O jogo chegou ao seu final.
Delírio, prazer, amor, emoção... não posso definir o que sentia, o que sentíamos, o que estava acontecendo.
Se a festa era imensa naquele pequeno bar lá na Espanha, pensava em como não estaria Porto Alegre naquele mesmo momento.
Sem pestanejar saímos do bar em comemoração. Mais de 60 colorados, fardados e comemorando. Esquecemos apenas um detalhe: havíamos ganho do Barcelona F.C. E estávamos justamente na sua cidade. Nao demorou pra que alguns catalões amargos com a derrota começassem a reagir a nossa manifestação. Houve inclusive um momento mais áspero, quando fomos alvejados por pedras, que felizmente não acertaram ninguém. Rapidamente a confusão se dissipou com a chegada de polícia local.
Pensei que nesse momento teríamos problemas, por estarmos comemorando de forma tão exacerbada na casa dos derrotados e, ao ser abordado por um policial, eis minha surpresa:
-Gostaria de saber... Qual o trajeto que vocês pretendem fazer? - me pergunta o policial em catalão.
-Vamor descer pela Rambla ( avenida central ), e chegar até a praia. Algum problema? - respondi.
-De maneira nenhuma, vamos simplesmente escoltar vocês pra que cheguem com segurança ao seu lugar de destino, e não aconteçam mais episódios como o que acabaram de passar.
E foi assim que terminamos aquele dia perfeito: Na beira da praia, festejando o novo CAMPEÃO DO MUNDO!!!!"
Você tem uma história assim para contar? Mande para nós!
Será um prazer publicar...
Mande um email para luciana_michel@hotmail.com com sua história... Se tiver fotos, pode mandar também! Este espaço é de todos! Esperamos sua história e seu comentário!
Saudações Coloradas!
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Prabéns Julio Vargas.
ResponderExcluirBonito relato e bela história. Imagino a emoção de assistir o nosso INTER em outro pais. E mais, no pais do adversário. Grande feito.
Abs.
Lauro Baldi
Vamo Juliao!!!
ResponderExcluirEu continuo em Barcelona, dando seguimento ao REINADO COLORADO na Catalunya.
Sou testumunho da história que o Julio contou e também participei da reconquista da América no ano passado, desde Barcelona e com outros Colorados.
Estamos nos preparando para criar o Consulado Colorado de Barcelona. E se alguém aqui puder nos ajudar, agradecemos.
Saudaçoes Coloradas.
Luciano Mickey